Proporcionar aos alunos uma aprendizagem sustentada na sua autonomia, oferecendo-lhes uma educação que se prolonga por toda a vida e não apenas durante o período escolar, é fundamental para a construção da sua independência.

O que é autonomia?
É a capacidade de tomar decisões não forçadas e baseadas em informações disponíveis, é a competência de conseguir transformar os conhecimentos adquiridos em conhecimentos práticos e funcionais.
Um estudo efetuado pela Universidade de Montreal* revela que desenvolver a autonomia desde cedo ajuda no desenvolvimento cognitivo das crianças.

Desenvolver a autonomia traz vários benefícios à criança:
- Possibilita a proatividade e permite desenvolver um comportamento de antecipação e de responsabilização pelas próprias escolhas;
- Estimula a capacidade de resolução de problemas;
- Incentiva a construção de um pensamento crítico;
- Aumenta a independência emocional;
- Constrói autoestima;
- Colabora no desenvolvimento do corpo e da mente;

Não faça pelo aluno aquilo que ele poderia fazer sozinho.
É comum os adultos confundirem o afeto que nutrem pelos seus educandos com o cuidado excessivo. Por vezes, a vontade de ajudar e simplificar a vida dos alunos, pode dificultar o seu desenvolvimento.
Outro motivo que leva os pais a realizarem as tarefas destinadas aos seus filhos é a azáfama do dia-a-dia, pelo que muitas vezes é mais rápido e prático serem os pais a vestir a criança, prepararem-lhe a mochila, calçar as sapatilhas, etc.
Aprender a controlar essas atitudes, que muitas vezes são involuntárias, é extremamente necessário. É fundamental que as crianças entendam que os adultos compreendem as suas dificuldades, mas que colaboram para que elas as consigam superar autonomamente.

Como podemos agir nessas horas?
- Agindo como facilitador;
- Sendo empático;
- Sendo compreensivo;
- Mostrando uma postura de equilíbrio;
- Mostrando-se disposto a dialogar.

É importante compreender que cada criança tem o seu ritmo de aprendizagem e que os adultos devem respeitar a individualidade e as limitações de cada uma. O encarregado de educação pode promover a aprendizagem das crianças e jovens através de momentos interessantes e dinâmicos.

Dicas para o desenvolvimento da autonomia:
- Proporcionar momentos de leitura, onde a criança escolhe o que quer ler (manuais,
livros, revistas, artigos na internet, etc);
- Permitir que as crianças criem e testem teorias, brincadeiras e atividades,
proporcionando-lhes um ambiente rico e seguro em informações.
- Estimular a perceção dos sentimentos. Uma criança que saiba distinguir os diferentes
sentimentos e emoções terá maior autonomia emocional;
- Fazer com que as crianças se sintam úteis no ambiente familiar (por exemplo:
atribuir-lhes tarefas domésticas);
- Estimular debates e discussões sobre assuntos variados da atualidade;
- Usar as tecnologias para promover momentos didáticos;
- Permitir e aceitar que as crianças errem. Errar faz parte de qualquer processo de
aprendizagem e não deve ser algo traumático.
Para que as atividades sejam proporcionadoras de aprendizagens significativas e
não originem momentos de frustração é importante perceber as limitações da criança e
adequar as atividades à sua faixa etária.

O que cada criança é capaz de fazer com cada idade?
Dos 2 aos 3 anos: A criança é capaz de se alimentar sozinha, é capaz de se sentar à mesa, de guardar brinquedos e calçar os sapatos com velcro.

Dos 3 aos 4 anos: A criança é capaz de ir à casa de banho sozinha (com a supervisão de um responsável), arrumar a mochila para ir à escola e separar roupas sujas das limpas.

Dos 4 aos 5 anos: A criança consegue vestir-se e tratar da higiene pessoal. Nestas faixas etárias começa a conseguir realizar tarefas mais precisas, como preparar o seu lanche (com a supervisão de um responsável).

A partir dos 5 anos: A criança pode organizar o próprio quarto, lavar loiça leve e ajudar na preparação de alguns alimentos.

NOTA: Estes dados são uma orientação, é importante notar que todas as crianças são únicas, pelo que algumas irão desenvolver estas capacidades mais cedo e outras mais tarde. E não há problema nenhum nisso.
Por fim, cabe frisar que, ao contrário do que se possa pensar, incentivar e desenvolver a autonomia infantil não é permitir à criança fazer o que quiser, quando e como quiser. É, na verdade, atentar às suas necessidades e orientá-la nas suas escolhas, com honestidade, equilíbrio e tranquilidade. Desta forma irá educar uma pessoa emocionalmente forte, assertiva e segura de si mesma.